Todo el mundo tiene, tuvo, tiene o pudo tener. Todo el mundo tiene, casi todo el mundo suele tener.
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Todo el mundo tiene, tuvo, tiene o pudo tener. Todo el mundo tiene, casi todo el mundo suele tener.
Un abuelo inmigrante y un amigo que se fue, una tía peluquera, una cuenta a fin de mes, un paraguas que no es suyo, una hermana que cuidar, una historia de marcianos y una caña de pescar. Y ese tío gordo y viejo que no para que no para de roncar.
Un consuegro que se adoba y se pone a recitar, un pariente sedicioso y un pariente militar, una prima que se parte, una riña familiar, un padrino mentiroso, que te lleva a debutar. Y una tía religiosa que no para que no para de rezar.
Todo el mundo tiene...
Un vecino boxindanga que en la llaga se murió, una historia de algún primo que no pudo ser campeón, un amigo que hizo guita y dejó de saludar, y un borracho, viejo y pichi que está loco de estudiar. Y una cábala infalible que no para que no para de fallar.
La vecina que organiza la reunión de tupperweare, un cuñado que se empeda y se viste de mujer, un sobrino karateka, un amor de carnaval, varias noches de fracaso y una noche de galán. Y un patrón hijo de puta que no para que no para de robar.
Todo el mundo tiene...
Medio trébol en un libro, un trofeo en un rincón, varios ídolos caídos, una carta en un cajón, un abrazo que no llega para aquél que ya no está, una herida en el costado y una flor en el ojal. Y esa lágrima porfiada que no para que no para de sangrar.
"árbol sin raíces no aguanta parado ningún temporal".
A língua é minha pátria E eu não tenho pátria, tenho mátria E quero frátria
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Língua Caetano Veloso
Gosta de sentir a minha língua roçar a língua de Luís de Camões Gosto de ser e de estar E quero me dedicar a criar confusões de prosódia E uma profusão de paródias Que encurtem dores E furtem cores como camaleões Gosto do Pessoa na pessoa Da rosa no Rosa E sei que a poesia está para a prosa Assim como o amor está para a amizade E quem há de negar que esta lhe é superior? E deixe os Portugais morrerem à míngua "Minha pátria é minha língua" Fala Mangueira! Fala!
Flor do Lácio Sambódromo Lusamérica latim em pó O que quer O que pode esta língua?
Vamos atentar para a sintaxe dos paulistas E o falso inglês relax dos surfistas Sejamos imperialistas! Cadê? Sejamos imperialistas! Vamos na velô da dicção choo-choo de Carmem Miranda E que o Chico Buarque de Holanda nos resgate E - xeque-mate - explique-nos Luanda Ouçamos com atenção os deles e os delas da TV Globo Sejamos o lobo do lobo do homem Lobo do lobo do lobo do homem Adoro nomes Nomes em ã De coisas como rã e ímã Ímã ímã ímã ímã ímã ímã ímã ímã Nomes de nomes Como Scarlet Moon de Chevalier, Glauco Mattoso e Arrigo Barnabé e Maria da Fé
Flor do Lácio Sambódromo Lusamérica latim em pó O que quer O que pode esta língua?
Se você tem uma idéia incrível é melhor fazer uma canção Está provado que só é possível filosofar em alemão Blitz quer dizer corisco Hollywood quer dizer Azevedo E o Recôncavo, e o Recôncavo, e o Recôncavo meu medo A língua é minha pátria E eu não tenho pátria, tenho mátria E quero frátria Poesia concreta, prosa caótica Ótica futura Samba-rap, chic-left com banana (- Será que ele está no Pão de Açúcar? - Tá craude brô - Você e tu - Lhe amo - Qué queu te faço, nego? - Bote ligeiro! - Ma'de brinquinho, Ricardo!? Teu tio vai ficar desesperado! - Ó Tavinho, põe camisola pra dentro, assim mais pareces um espantalho! - I like to spend some time in Mozambique - Arigatô, arigatô!) Nós canto-falamos como quem inveja negros Que sofrem horrores no Gueto do Harlem Livros, discos, vídeos à mancheia E deixa que digam, que pensem, que falem.
"árbol sin raíces no aguanta parado ningún temporal".