Opinión de Agolanos.
Portugues, pero con un poco de atención se entiende perfectamente
OS CUBANOS
JN - Foi aqui sublinhado o papel internacionalista dos cubanos. É possível, já, à distância de 20 anos, uma avaliação profunda do papel dos cubanos em Angola?
PJ - Eu penso que Angola contraiu, perante os internacionalistas cubanos (é assim que nós os designamos),
uma dívida impagável. Há sangue de Cuba vertido em solo angolano. Para que nós conservássemos a nossa independência. Isto é um facto, de grande inteireza, não é uma figura de retórica.
Sangue cubano vertido em nome de um só valor: a solidariedade. Porém, às vezes, as pessoas, quando se referem a essa presença dos cubanos em Angola, somente a analisam em termos militares. Quando, de facto, essa presença excedeu, largamente, os termos militares. Os internacionalistas cubanos desenvolveram acções que se reflectiram
em sectores importantes como o da saúde, o da educação, o das obras públicas. Vieram centenas de médicos, centenas de professores, centenas de técnicos constituídos em brigadas para acções de conjunto ou pontuais. É possível encontrar, hoje, em várias províncias de Angola, sinais da acção multiforme e extremamente válida dos internacionalistas cubanos. Daí que a participação cubana continue a ser, em Angola, vivamente referida não só pela direcção do MPLA mas, também, pela população em geral.
JN - Lá fora, contudo, não falta quem diga que "os angolanos nem podem ouvir falar dos cubanos"...
PJ - Completamente falso. Temos hoje, em Angola, centenas e centenas de quadros que estudaram em Cuba, que se formaram em Cuba sem que o Estado angolano cobrisse os respectivos encargos. Essa foi, sem dúvida, outra das valiosíssimas contribuições do internacionalismo cubano. O povo angolano não se manifestou, jamais, indiferente, ou hostil a essa ajuda multiforme.
JN - Até que ponto Moscovo influenciou a vontade política e internacionalista de Cuba em Angola?
PJ - A reacção de Havana, dos cubanos, após o apelo do presidente Agostinho Neto, foi, posso dizê-lo, imediata.
JN - Não houve sequer um compasso de espera que fizesse pressupor alguma prévia diligência junto da antiga URSS?
PJ - Não houve. Porque, repare: quando os exércitos zairense e sul-africano começam a invasão do nosso território, estamos em Outubro de 1975. A cerca de um mês da proclamação da independência. Até à vinda dos cubanos decorre, pois, um estreitíssimo lapso de tempo. Entretanto, nós, angolanos, isso sim, conhecedores da situação de Cuba, conversámos com os soviéticos. Do que resultou, contrariamente ao que se disse, uma participação da antiga URSS traduzida em equipamentos e instrutores militares, nunca em soldados! Também se disse, e era completamente falso, que em Angola combatiam, a nosso lado, forças da antiga RDA...
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